Troca de estímulos entre pais e filhos é essencial para o desenvolvimento infantil, alerta especialista

Aos 7 anos, Molly Belle Wright falou em poucos minutos o que muitos adultos ainda não sabem sobre a infância, durante um TED Talk. Molly destacou a importância da conexão, da comunicação e das relações entre pais e filhos nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento saudável do cérebro humano. Suas palavras reforçam o que a ciência já comprova: essas interações iniciais são essenciais para a construção de uma base sólida para o bem-estar emocional e cognitivo ao longo da vida.

O conceito de “serve and return” — a troca de estímulos entre pais e filhos — é fundamental para o desenvolvimento cerebral saudável nos primeiros anos de vida, afirma a biomédica e especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, Telma Abrahão. Esse processo envolve a resposta atenta e afetuosa dos pais aos sinais dos bebês, como balbucios e gestos, criando uma estrutura consistente para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social.

“Essas trocas ajudam a formar as conexões neurais necessárias para o desenvolvimento da linguagem, das habilidades sociais e emocionais”, explica Telma. Segundo a especialista, interações consistentes e positivas com os cuidadores proporcionam à criança um ambiente seguro, onde ela aprende a regular suas emoções, a confiar nos outros e a explorar o mundo ao seu redor de maneira saudável.

Quando essas interações não ocorrem de maneira constante e segura ou são substituídas por interações negativas, o impacto pode ser profundo. “A ausência de conexão ou a presença constante de interações negativas pode resultar em atrasos no desenvolvimento e em dificuldades de relacionamento e emocionais ao longo da vida”, adverte a especialista.

Telma Abrahão também ressalta que o “serve and return” tem um papel crucial na formação do vínculo emocional entre pais e filhos, conhecido como apego. “Esse vínculo influencia diretamente como a criança lida com o estresse, constrói relacionamentos e enfrenta adversidades na vida adulta”, acrescenta.

No entanto, o aumento do uso de telas tanto por pais quanto por crianças tem prejudicado essa dinâmica essencial. “Quando os pais estão distraídos com seus dispositivos, e deixam seus filhos nas telas por longos períodos também, eles deixam de responder de forma adequada aos filhos,  o que impacta negativamente o desenvolvimento cerebral infantil “, alerta Telma. Ela também observa que o uso excessivo de telas pelas crianças limita as interações humanas ricas, essenciais para o desenvolvimento social e emocional, levando a possíveis déficits cognitivos e emocionais. “Esse isolamento digital dificulta a regulação emocional e o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e resilientes”, conclui a especialista.

Telma Abrahão é biomédica, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, autora best-seller e criadora da Educação Neuroconsciente. Dedica-se a ajudar famílias a compreenderem o impacto da infância no comportamento e saúde dos adultos, promovendo educação emocional e prevenção de traumas.

Márcia Stival Assessoria
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